
Once at Home nasceu, na verdade, para eu tentar silenciar um pouco a mente e para eu aprender a lidar com a minha ansiedade. O bordar, o transformar um pedaço de tecido em algo com valor afetivo, onde você coloca uma intenção e transforma aquilo em algo com algum propósito, é muito transformador.
E muitas vezes bordando, você consegue silenciar, que era um dos meus objetivos quando eu comecei. Mas depois, vi que o bordar vai além. Ele deixa uma marca no tempo, em forma de desenho ou mensagem. É uma extensão entre gerações, um ato feito no passado que conecta as gerações do presente e conectará as do futuro também. Acredito que este ato seja o sinônimo de afeto.
Foi durante a uma transição profissional e de modo de vida, que me deparei com a vontade de passar adiante uma mensagem, em forma de bordado, para outros lugares, para outras pessoas, para outras casas além da minha. Seja com o objetivo de levar beleza para os lares, seja levar um pouco dos valores que a arte manual carrega, para outras gerações, que eu criei um Instagram, onde eu coloco os meus trabalhos, conforme vou finalizando as peças.
Com “diretas” bordadas em jogos americanos e guardanapos, como “Be Here Now”, “No CellPhone Please”, “Enjoy the conversation”, “Enjoy your friends” e assim vai, foi chamando atenção das pessoas que gostam de receber em casa, em torno da mesa para se conectar com os seus.
A primeira toalha de mesa foi uma que eu criei imagens e dizeres em italiano, remetendo ao ritual que é a hora do jantar em uma casa de uma família italiana. A Itália é um lugar onde as pessoas se conectam muito em volta da mesa, em volta do preparo da comida. Esse preparo, para eles, é como se fosse um ritual onde você tem que estar presente. Enquanto cozinha, você atualiza e conversa sobre o seu dia, tudo isso sentindo o perfume da comida, preparando aquele prato especial para uma ocasião rotineira.
Foi pensando nisso, que bordei imagens de flores, alternando com mensagens que eu escutava muito, em volta da mesa, no período de mais de sete anos em que morei lá. “Ciao come stai”, “A távola”, “C´`e caffè?”, entre outros dizeres que também estão bordados nessa toalha.
Outro exemplo, como o caminho de mesa “O quadro de Milão”, veio de uma inspiração que tive em um momento, durante uma viagem com meu filho, paramos na frente de uma pintura, em uma exposição pequena que estava acontecendo em Milão. Por algum motivo, aquele quadro me chamou a atenção, vi meu filho olhando para ele também e aquele momento foi de grande impacto para mim, foi um pequeno grande momento e que eu transformei em um caminho de mesa para enfeitar a minha mesa todos os dias.
Quase todos os itens, vem de alguma memória afetiva, vem com intuito de deixar alguma mensagem, algo que faz sentido para mim, mas que com certeza também faz sentido para quem compra para si ou para presentear. Pois quem tiver aquele item em casa, além da beleza, se conectou também pelo fato que são peças feitas à mão, com dedicação, com tempo... isso é muito simbólico e significativo, pois em meio a correria do dia a dia, apreciar a beleza feita com tempo, à mão, é de grande valor. E isso me traz uma conexão com as pessoas que eu ainda não conheço, mas que apreciam isso.
Para construir a marca, tive que ir aos poucos me livrando de alguns padrões, como o do mundo corporativo e o faz para ontem. Mas como tudo, conforme os desafios vêm, muitas vezes a gente se questiona, será que esse é o caminho certo? Desacelerar nesse mundo tão acelerado? Será que faz sentido? Mas toda vez que essas perguntas chegam a mim, algumas respostas aparecem.
Inclusive eu poderia começar a contar a história da Once at Home a partir daqui, seria mais poético, talvez. Mas não estaria contando como de fato a marca nasceu. Isso para dizer que, em um dia desses, imersa em dúvidas e alguns medos, em viagem para Campinas, visitar minha irmã e família, fui surpreendida com um presente, um presente onde ela tinha achado nas coisas da minha avó paterna, uma toalha que minha avó havia bordado em vida. Na verdade, ela havia bordado um pouco mais da metade da toalha, mas ainda tem desenhos esperando o bordado, pois ela não conseguiu finalizar. E essa foi uma grande resposta em meio aos mil questionamentos que estava me fazendo naquele dia. Não podia ter recebido um presente melhor. Algo feito à mão e por ela! Como se fosse uma extensão dela, da energia que ela estava colocando naquele momento em que bordava e que agora, terei o grande prazer de completar.
Constatei assim, que é um presente que as pessoas podem levar de geração para geração, algo que perdure o tempo.
Se tudo isso fez sentido para mim, ao ponto de criar a O@H, também pode fazer sentido para você na hora de escolher algo para se presentear ou presentear alguém querido.

